terça-feira, 27 de agosto de 2013

O acadêmico de Direito e a Era Digital

Prof. Gustavo Vilas Bôas[1]

Esses são novos tempos para a esfera jurídica. A denominada Era Digital já se engendrou no Poder Judiciário, exigindo do operador do Direito habilidades e competências outrora menos necessárias. De juízes a advogados, de promotores a defensores públicos, de delegados a procuradores, qualquer que seja a atuação profissional, os bacharéis em Direito estão sendo postos à prova quanto à capacidade de adaptação à nova realidade do século XXI.

Se o Direito é manifestação do fenômeno social – acompanhado da evolução e das transformações da humanidade –, como afirma Miguel Reale, ele necessita acompanhar os tempos dos inexoráveis tablets, smartfones, MP3 players, laptops, jurisprudência online, vídeo-aulas, youtube, processos eletrônicos e outras tantas ferramentas comuns do dia-a-dia. Tudo isso se amalgama com os princípios jurídicos, instrumentalizando o update das relações jurídicas.

Mas não só os profissionais experientes devem estar conectados. Também o acadêmico – aquele ainda em formação – precisa compreender essa nova era, na qual ser aluno do curso de Direito não mais significa a utilização exclusiva dos livros como fonte de pesquisa e ampliação do conhecimento: agora há uma incrível difusão do saber, motivada justamente pelo acesso a uma quantidade quase inesgotável de informações. Obviamente, isso não significa necessariamente qualidade, tendo em vista que, na maioria dos casos, a doutrina tradicional continua sendo a maior referência. No entanto, representa uma mudança de paradigma fenomenal.


Inicialmente, causou estranheza aos docentes notar que seus alunos gravavam suas aulas para ouvi-las novamente num momento posterior em seus ipods. Também os deixou curiosos o fato de que quase ninguém mais copia o que se escreve no quadro; tira-se uma fotografia! Fora isso, são verdadeiramente encantadores os fóruns de discussão espontaneamente criados pelo alunado em redes sociais e outras mídias eletrônicas, a fim de debater as complexidades jurídicas, ou apenas tirar sarro dos professores e da instituição em que estudam. Tudo isso faz parte da Era Digital e é salutar se a ninguém ofender, conforme orientação do romano Ulpiano.

Aparentemente, essas figuras hoje discentes e futuros profissionais das Ciências Jurídicas chegarão ao mercado muito mais preparados que pessoas formadas há 10, 15, 20 anos. Isso porque eles já estarão moldados pelos artefatos digitais e serão mais capazes de manipular esses utensílios na otimização de seu trabalho do que os operadores arcaicos, que mal conseguem fazer tramitar seus processos virtuais.

O fato é que a Era Digital aí está e o Direito necessita acompanhar com agilidade essa disposição social de início deste século – muito porque a modernidade parece não tolerar a lentidão, fazendo odes aos 40 caracteres do twitter. Nesse contexto, o acadêmico de Direito deve buscar o upgrade de seus conhecimentos e se tornar um profissional online.




[1] Gustavo Vilas Boas é Advogado, Consultor das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Mestre em Regulação da Indústria de Energia (UNIFACS), Aluno especial do Doutorado em Energia e Ambiente (UFBA), Professor de IED e de Direito Ambiental da Faculdade APOIO UNIFASS. E-mail: gustavovilasboas@gmail.com 

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