Prof. Gustavo Vilas Bôas[1]
Esses são novos tempos para a esfera jurídica. A
denominada Era Digital já se engendrou no Poder Judiciário, exigindo do
operador do Direito habilidades e competências outrora menos necessárias. De
juízes a advogados, de promotores a defensores públicos, de delegados a
procuradores, qualquer que seja a atuação profissional, os bacharéis em Direito
estão sendo postos à prova quanto à capacidade de adaptação à nova realidade do
século XXI.
Se o Direito é manifestação do fenômeno social –
acompanhado da evolução e das transformações da humanidade –, como afirma
Miguel Reale, ele necessita acompanhar os tempos dos inexoráveis tablets, smartfones, MP3 players, laptops, jurisprudência online, vídeo-aulas,
youtube, processos eletrônicos e
outras tantas ferramentas comuns do dia-a-dia. Tudo isso se amalgama com os
princípios jurídicos, instrumentalizando o update
das relações jurídicas.
Mas não só os profissionais experientes devem estar
conectados. Também o acadêmico – aquele ainda em formação – precisa compreender
essa nova era, na qual ser aluno do curso de Direito não mais significa a
utilização exclusiva dos livros como fonte de pesquisa e ampliação do
conhecimento: agora há uma incrível difusão do saber, motivada justamente pelo
acesso a uma quantidade quase inesgotável de informações. Obviamente, isso não
significa necessariamente qualidade, tendo em vista que, na maioria dos casos,
a doutrina tradicional continua sendo a maior referência. No entanto,
representa uma mudança de paradigma fenomenal.
Inicialmente, causou estranheza aos docentes notar
que seus alunos gravavam suas aulas para ouvi-las novamente num momento
posterior em seus ipods. Também os
deixou curiosos o fato de que quase ninguém mais copia o que se escreve no
quadro; tira-se uma fotografia! Fora isso, são verdadeiramente encantadores os
fóruns de discussão espontaneamente criados pelo alunado em redes sociais e
outras mídias eletrônicas, a fim de debater as complexidades jurídicas, ou
apenas tirar sarro dos professores e da instituição em que estudam. Tudo isso
faz parte da Era Digital e é salutar se a ninguém ofender, conforme orientação
do romano Ulpiano.
Aparentemente, essas figuras hoje discentes e
futuros profissionais das Ciências Jurídicas chegarão ao mercado muito mais
preparados que pessoas formadas há 10, 15, 20 anos. Isso porque eles já estarão
moldados pelos artefatos digitais e serão mais capazes de manipular esses
utensílios na otimização de seu trabalho do que os operadores arcaicos, que mal
conseguem fazer tramitar seus processos virtuais.
O fato é que a Era Digital aí está e o Direito necessita
acompanhar com agilidade essa disposição social de início deste século – muito
porque a modernidade parece não tolerar a lentidão, fazendo odes aos 40
caracteres do twitter. Nesse
contexto, o acadêmico de Direito deve buscar o upgrade de seus conhecimentos e se tornar um profissional online.
[1] Gustavo Vilas Boas é Advogado, Consultor das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Mestre em Regulação da Indústria de Energia (UNIFACS), Aluno especial do Doutorado em Energia e Ambiente (UFBA), Professor de IED e de Direito Ambiental da Faculdade APOIO UNIFASS. E-mail: gustavovilasboas@gmail.com
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