O mapa da mina I
Prof.ª Bartira Bastos[1]
Ao falarmos em construção do
conhecimento, desenvolvimento de processos cognitivos ou mesmo em pesquisas
acadêmicas, não se pode fugir da realidade atual, onde a quantidade de
informação (se considerarmos apenas as relevantes) é muito maior do que
qualquer ser humano consegue processar.
A grande questão da pesquisa hoje é:
como nos orientar no mar de informações existente? Será que existe uma forma de
avaliarmos tais informações e optarmos pelas quais realmente podem “fazer a diferença”?
A ideia de FONTE aparece em
praticamente todos os momentos do desenvolvimento da humanidade, temos Fustel
de Coulanges (2009, p.45) que atesta, na antiguidade, em
culturas diversas, a existência residencial de uma Fonte Religiosa – “o Fogo Sagrado”, representando os deuses e os
antepassados, posteriormente encontramos na Bíblia
Sagrada (1981, p.1342) a comparação de Jesus Cristo como “Fonte de Água Viva” e mais
recentemente, nos idos de 1600, o escritor e poeta francês Perrault apud
Andrade e Pereira (2012, p.5), traz em seu conto infantil As
Fadas,
a figura da fonte d´agua, a partir de onde o personagem principal obtém muitos benefícios,
tais citações são apenas algumas, das tantas, que povoam o inconsciente da
humanidade e que faz com que a palavra FONTE
seja idealizada como doadora de bens, sejam eles religiosos, materiais ou
intelectuais.
Como prova disso testemunhamos a
importância das fontes do direito para os operadores jurídicos e percebemos
que, para o acadêmico, seja de que área for, dominar as Fontes de Informação pode ser a diferença entre uma produção
intelectual considerável ou medíocre.
A tríade: autoridade, relevância e
atualização, serve como o fio de Ariadne,
indicando uma saída profícua do labirinto da sobrecarga informacional.
Mas como pode o neófito acadêmico
avaliar a consistência intelectual da produção de sua área? Ou mesmo avaliar a autoridade do autor?
Hoje iremos apresentar algumas
formas do pesquisador identificar a autoridade do autor, contando com a
existência de ferramental de busca específico, que objetiva auxiliar, não só os
neófitos, como também os pesquisadores veteranos, e com isso tornar mais
acertada a seleção de fontes de informação para o desenvolvimento de suas
pesquisas.
A primeira vista adotar em suas
pesquisas os livros indicados nas bibliografias básicas das matérias pode
parecer uma boa pedida, porém, sabe-se que este material, em sua grande
maioria, apesar de normalmente apresentar de forma clara os temas estudados não
os trata com a profundidade e criticidade necessárias ao ato de pesquisar.
Vale ressaltar, no entanto, que
todo livro acadêmico guarda em si um segredo extremamente valioso, são as referências
que o autor utilizou para desenvolver seus constructos teóricos e que aparecem
ao final do material, isso sim pode ser o início do mapa da mina. Analisando os
autores citados pelo escritor podemos ter indícios de quem realmente faz a
diferença em determinada área, e um ponto de partida para nossa pesquisa.
Outro ponto interessante,
principalmente quando nos deparamos com autores desconhecidos é verificar sua
vida acadêmica, para isso podemos contar no Brasil com ferramental desenvolvido
pelo CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológica, e
que agrega, entre outras coisas, o currículo dos pesquisadores brasileiros e os
grupos de pesquisa que hoje existem no país. É a Plataforma Lattes
que recebe esse nome em homenagem ao físico curitibano Césare Lattes,
co-descobridor do méson
pi.
Abaixo podemos ver como a página do
Lattes se apresenta e os bancos de dados disponíveis:
Figura 1 - PLATAFORMA
LATTES[2]
Outro exemplo que podemos citar de diretórios
de pesquisadores é o portal desenvolvido pelo governo canadense - Science.gc.ca..
Tais como esse, podemos encontrar vários diretórios de pesquisadores em
diversos países, porém, deve-se observar que os diretórios oficiais - mantidos
por órgãos governamentais, são os que mais se pode confiar.
O grande diferencial deste
ferramental é nos oferecer a quase certeza de que aquele autor apresenta um
trabalho sério, e, através de seu currículo, conseguir mapear sua produção
bibliográfica, que muitas vezes poderá contribuir de forma profícua para a
nossa pesquisa.
Caso determinado país não ofereça
esse tipo de serviço, outra opção para o pesquisador é verificar se o autor se
encontra atrelado a alguma Instituição de Ensino Superior ou Instituição de
Pesquisa, já que tais instituições costumam prover, em seus sites, informações
de seus pesquisadores, não tão detalhadas como os diretórios, porém no caso de
instituições reconhecidas, podem sanar a dúvida com relação a autoridade do
autor pesquisado, fornecendo muitas vezes o contato deste.
Espera-se que, com a ajuda das
informações acima, o pesquisador interessado consiga guiar-se pelas searas
virtuais, sanando possíveis dúvidas com relação à seriedade de autores ou mesmo
descobrir o que se está pesquisando no Brasil, e com isso, desenvolver uma
escolha mais criteriosa das suas fontes informacionais.
REFERÊNCIAS
FUSTEL
DE COULANGES, Numa Denis. A cidade antiga:
estudos sobre o culto, o direito e as instituições da Grécia e de Roma. São
Paulo: Martins Claret, 2009.
BÍBLIA
Sagrada. Tradução de SOARES, Matos. 10 ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1981.
ANDRADE,
Kate Constantino Pinheiro de; PEREIRA, Rosana Batista. As fadas, de Charles
Perrault. In: SEMINÁRIO
NACIONAL LITERATURA E CULTURA, 4, 2012, Sergipe. Anais Eletrônicos ... Sergipe:
GELIC/UFS, 2012. Disponível em:
<http://200.17.141.110/senalic/IV_senalic/textos_completos_IVSENALIC/TEXTO_IV_SENALIC_138.pdf>.
Acesso em: 18 set. 2013.
[1] Bartira Bastos é Bibliotecária (UFBA), Mestre em Informação Estratégica (ICI -UFBA), Doutoranda
em Ciências e Tecnologias da Informação pela UA – ECA, é atualmente Professora
e Bibliotecária da Faculdade Apoio –UNIFASS. E-mail: bartira@faculdadeapoio.com.br
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